Perita criminal do Núcleo de Balística explica como são feitas análises que ajudam a elucidar casos como a chacina em Miracema do Tocantins

19/02/2022 19/02/2022 08:31 983 visualizações

 

Da Ascom

 A perita criminal do Núcleo Especializado de Balística Forense do Tocantins, Valéria Viana Barbosa, falou da importância desta área pericial para a elucidação de crimes, sobretudo aqueles mais complexos. Ela deu detalhes sobre como a comparação balística, que tem por objetivo tentar identificar, através de exames, macro e microscópicos em elementos de munição.

 

 Esse exame pode descobrir, por exemplo, como no caso da chacina ocorrida na cidade de Miracema do Tocantins, onde sete pessoas foram assassinadas a tiros em uma mesma noite, se os crimes têm relação entre si. Se uma única arma pode ter sido usada para atingir mais de uma das vítimas, por exemplo. 

 

“A balística forense é uma área da perícia responsável pelos exames periciais em armas de fogo e munições que estejam envolvidos em crimes. Um desses exames é o de comparação balística, que tem por objetivo tentar identificar, através de exames macro e microscópicos em elementos de munição, as características da arma de fogo que deflagrou esses elementos”, relata Valéria, ressaltando que, “esses elementos podem ser tanto um projétil quanto um estojo”, explica. 

 

Sobre o trabalho de análise, Valéria ressalta que, “nós, Peritos, analisamos as marcas deixadas nesses elementos, pra ver se elas são compatíveis com os elementos (chamamos "padrões") que saíram ou sairiam de uma determinada arma. As armas de fogo têm várias formas e podem ser classificadas de vários jeitos, e uma das classificações é quanto às características do cano da arma, que pode ser de "alma lisa" e "alma raiada". Nesse último, é porque os canos são fabricados e colocados em uma prensa que forma umas raias em formato helicoidal, que deixam uma marca única (tipo uma digital), e são elas que analisamos no microscópio”, afirma.

 

Mortes em Miracema do Tocantins

 

Questionada se no caso de Miracema do Tocantins, os exames podem ou não constatar se as armas usadas nos sete assassinatos são as mesmas, a perita disse que podem sim. “Se forem encontrados projéteis e retirados dos corpos e estes possuírem as mesmas características, dizemos que o confronto foi positivo. Mas, teríamos que comparar cada um dos projéteis retirados dos corpos, pois a depender, podemos afirmar que partiram da mesma arma, se a quantidade de microestrias forem suficientes para dar match”, (combinar), disse. 

 

A perita ressalta que, neste caso, "fazemos um levantamento de quais são as principais características da arma, como o calibre, quantidade de raias, sentido de orientação das raias, além de outras micro estrias que podem aparecer. Depois, se descobrir uma arma suspeita, nós damos vários tiros com esta arma, coletamos os projéteis (padrões) e o comparamos com esses projéteis que foram encontrados nos corpos. Se forem compatíveis e tiverem elementos suficientes, podemos afirmar que os projéteis extraídos dos corpos podem ter sido deflagrados pela arma suspeita”,  explica.

Ainda segundo Valéria o trabalho pericial, “é fundamental e indispensável, pois somente através da prova científica, feita pela perícia criminal, é que se poderá chegar a uma certeza. Não existe uma hierarquia de provas no direito brasileiro, mas com certeza a prova pericial tem uma confiabilidade maior do que a prova testemunhal, porque a base de toda a perícia é o método científico, e é isso que nos dá segurança e respaldo para afirmar qualquer coisa”, finaliza.